domingo, 25 de março de 2012

30 anos propagando o número da Besta!






O Iron Maiden talvez represente a quintessência do que convencionamos chamar de heavy metal. Está tudo lá. Tudo aquilo – ou pelo menos as variantes estéticas essenciais – que o estilo propôs, desde seus primórdios, foi absorvido pela banda: as influências do hard e o do heavy rock inglês (pioneiros como Kinks, Cream, Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Uriah Heep etc); a potência do novo heavy metal inglês, protagonizado por formações como Judas Priest e Motorhead; a formação em quinteto e a ênfase no uso de guitarras dobradas (levadas a cabo por grupos subestimados como o Thin Lizzy); os filmes de horror da produtora britânica Hammer, além da tradição literária gótica inglesa; referências e citações das mitologias europeias (celta, nórdica, greco-romana etc); influências da música erudita etc. Enfim, um jeito muito particular (e europeu) de fazer música. Algo além da tradição de música pop/rock três acordes com refrão pegajoso “made in USA”. Há 30 anos, em 22 de março de 1982, era lançado o álbum que redefiniu a carreira desse ícone da música pesada: The Number of the Beast constituiu o marco inicial da construção da imagem que os consagrou mundo afora. O álbum marcou a entrada do, então, jovem vocalista Bruce Dickinson que trazia uma substancial diferença em relação ao seu antecessor, Paul D’ianno, e deu novo rumo à carreira da Donzela. A banda, que já havia lançado duas obras magistrais – o primeiro álbum, homônimo, e Killers, de 1981 – entrou num impasse e quase encerrou as atividades. Se isso tivesse acontecido eles iriam entrar para história como um dos grandes representantes, senão o maior, da new wave of british heavy metal. Porém, para alegria dos headbangers ao redor do mundo, isso não aconteceu. Dickinson, também chamado por apelidos infames como “sirene peluda”, trouxe vida nova ao som do Maiden.
Enfatizaram os contrastes tão caros ao heavy metal fundindo refinamento, sofisticação e certo histrionismo à grosseria e o peso típico. Desta feita, eles encontraram a identidade conhecida pelos fãs mundo afora em detrimento do descontentamento de vários deles. Além de Dickinson, há ainda a presença da dobradinha Dave Murray e Adrian Smith , o “big boss” Steve Harris e suas indefectíveis linhas de baixo, além do saudoso Clive Burr nas baquetas. Todos cometendo o álbum mais célebre e conhecido da donzela. The Number of the Beast pode não ser uma unanimidade entre os fãs, sendo ponto de polêmicas e discórdias. Uma delas seria a eterna disputa entre os fãs de Di’anno e a nova identidade assumida pela banda. A primeira fase foi profundamente influenciada pelo movimento punk. Apesar das guitarras e músicas trabalhadas e com acento épico, o som da banda mantinha uma “sujidade” egressa das ruas londrinas, cortesia do primeiro vocalista. Com a entrada de Dickinson, percebe-se um recrudescimento das influências clássicas, do rigor e da disciplina, presentes nas composições e nos shows da turnê subsequente. Isso sem falar no teatralismo que chega aos píncaros com o baixinho Bruce. Outro motivo de polêmica foi a faixa título que faz referência à obra do ocultista inglês Aleister Crowley, além de citar as influências dos filmes e da literatura de horror.
Essas referências podem ser vistas no célebre vídeo-clipe produzido pela banda, para a faixa, repleto de imagens de filmes de horror classe B “das antigas” como “Godzilla” e” The Wolfman” estrelado por Lon Chaney Jr. Fora isso, a capa, trazendo a mascote Eddie manipulando o próprio belzebu através de cabos de marionete, e a letra da canção, uma narrativa quase escrachada de horror satanista, legaram à banda a injusta e superficial imagem de adoradores do diabo. Além da faixa título, outros clássicos como Run to the Hills (faixa cuja temática aborda o massacre dos nativos norte-americanos pelas mãos dos colonos ingleses) , “Hallowed be Thy Name” e “Children of the Damned “ são uma constante nos shows e algumas das favoritas dos fãs mundo afora. Mesmo que não traga a maturidade e o entrosamento de obras magistrais produzidas posteriormente como “Piece of Mind” (1983) e “Powerslave” (1984) o álbum se tornou um marco na carreira da banda e na história do heavy metal. O grupo se consagrou mundialmente a partir daí, tornando-se esse seu trabalho mais conhecido. O álbum vendeu horrores mundo afora e integra várias listas de um dos melhores discos, não só de metal, de todos os tempos. Isso sem falar na quantidade de bandas e artistas que foram influenciados pela música e pelas artes visuais e/ou gráficas do petardo. Por isso e muito mais, fica registrada aqui a homenagem daquele que anda pelas Dark Woods! Up the irons!



Assistam ao IRON MAIDEN - The Number Of The Beast.

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