quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Curupira entrevista: Bozó (Overdose), parte II


Após a boa repercussão da primeira parte da entrevista com Bozó, agora é hora de finalizar a divertida conversa. Se você voltar no áudio do primeiro post, vai perceber que o carismático vocalista do Overdose falava sobre paternidade. E é justamente assim que começamos este segundo. Drogas, turnês, espiritualidade, Sepultura, discografia e até Dirceu Pereira (apresentador de um mineiro programa popular nos anos de 1980) fazem parte do bate papo. Mais uma vez, seguem alguns trechos da entrevista, feita por dois dos representantes urbanos do Curupira, Oswaldo Diniz e Daniel Cassin. No final, o áudio com a íntegra de toda a conversa, incluindo recado aos headbangers, vale a pena conferir! O Ser da Floresta agradece profundamente a Pedro Amorim do Carmo pela disposição em falar um pouco neste webzine da sua importante participação na construção da cena metálica mineira. Hail!



Clique AQUI e relembre a primeira parte da entrevista com Bozó.



Ainda sobre paternidade.

Bozó: Eu, com 45 anos, já queria ter um menino, um filho do meu lado de 18, 20 anos, que fosse no show comigo etc. Eu não ia deixar ele ser cachaceiro, mas se quisesse fumar o baseadinho dele, podia. Se eu pudesse fazer ele não ser fumante, ia ser lindo. Agora, se quiser fumar um na tranquila, (bastava) trabalhar, estudar primeiro, formar.

O Curupira: Você pensa que a maconha não deve ser colocada no mesmo patamar de outras drogas?

Bozó: Eu acho que tudo é droga. Pra mim, as duas drogas piores chamam-se cigarro e cachaça. Destroem mais famílias, crack também, cocaína. Eu tenho pavor dessas coisas. Uma macoinha ali, tal, eu acho que às vezes (não atrapalha). Mas tudo em excesso faz mal, até mulher, véi! Tudo que você fizer com consciência, tranquilo, tendo a cabeça boa, nada em excesso, senão vai atrapalhar. Maconha demais também é ruim, você vai ficar estático, não vai produzir. É por isso que eu falo: vai fumar? Trilha sua carreira (profissional) primeiro.

O Curupira: Voltando para o Overdose, o que você sente mais falta da época de músico?

Bozó: Tocar, velho. Ensaiar não, é chato. Músico falar que ensaiar é gostoso, vai tomar no cu! A não ser quando vai mulher pra caralho, você toma umas biritas, aí beleza. Mas eu sinto falta é de tocar em Belo Horizonte.

O Curupira: Fale sobre um show marcante na sua carreira.

Bozó: Velho, puta que pariu! Todos no Ginástico, 80 por cento deles foram pau duro! Estados Unidos você sempre toca e ia neguinho do Faith No More, os caras do Testament, um cara que gostava muito da gente era o Eddie Van Halen, Tommy Lee também. Tocar na Europa também é do caralho. É outro mundo, outra cultura, não é bairrista como o americano é. Na época no meio de uma música, nós tocávamos um trecho de uma música do Almir Guinetto, parecia até ponto de macumba. Encaixa junto com a música, depois continuava a porrada. Nos Estados Unidos os caras ficavam olhando com cara de cu, na Europa você vê até os caras gingando.

O Curupira: Você citou o lance da macumba. Como que foi sua viagem nessa ideia?

Bozó: Meu pai sempre frequentava o terreiro, ia nos núcleos e tal, tomava os passes. Ele chegava contando os casos e eu sempre achava engraçado. Depois eu fui começando a frequentar, aí você conversa com a entidade e a coisa toda. Eu achei legal pela questão da musicalidade da Umbanda e do Candomblé que são muito legais. O ritmo é foda, as canções são do caralho. Mas eu caí mais pro lado da espiritualidade kardecista, no meu ponto de vista é a mais pé no chão.

O Curupira: Agora que você falou da sonoridade da música afro, tem um detalhe interessante no Overdose que, a partir do Circus of Death, você inseriu uma percussão eletrônica. Como surgiu a ideia?

Bozó: Infelizmente o Overdose tinha as ideias, mas tinha de colocá-las em um cofre sonoro. Porque se você não tem gravadora grande, não tem mídia, tem de tomar cuidado. Se você passar pra alguém que tem acesso, ele faz primeiro e acha que foi quem fez acontecer. Nós tivemos essa ideia brincando com o Zé Baleia (baterista) nos ensaios. Se a gente tivesse a oportunidade de ter mostrado isso antes (em gravações) teríamos sido os precursores dessa onda.

O Curupira: Como que era a relação da banda com os contemporâneos do Sepultura?

Bozó: No começo tinha aquelas picuinhas, porque era tudo menino. Às vezes os meus colegas implicavam comigo porque eu era amigo dos caras (do Sepultura). Eu sei que os caras poderiam ter sido mais cooperativos, mas eu gosto deles. Tanto que eu namorava uma menina, que também tinha namorado o Igor antes. Ela também tinha o split (SéculoXX/Bestial). O lado do Overdose era todo arranhado e no encarte todo mundo de chifrinho e eu de auréola, hahaha. Mas eles não ajudaram as bandas daqui não. Isso era muito triste, um exemplo de insegurança, talvez.

O Curupira: Um lance legal que envolve a história do Overdose é a participação no programa do Dirceu Pereira, nos anos de 1980. Um programa popular, totalmente voltado para o povão e que não tem nada a ver com o metal. Como foi a experiência?

Bozó: O Overdose tinha uma coisa que eu não sei que que era, com esses lances muito nada a ver. Mas foi uma puta divulgação. Os nego me zuava pra caramba por causa do Dirceu Pereira (que teria fama de homossexual, NADA confirmado pelo nosso Webzine). Os caras falavam: o cara tá afim docê! Eu ficava fugindo, esquivando dele igual boxeador, escorregava igual um sabão. Mas o cara deu uma puta força, foi legal pra caralho.

Escute na integra, a segunda parte da entrevista com o Bózo - Overdose.



Confira Street Law do Overdose - ao vivo nos Estados Unidos, 1996


2 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista metal pra caraio, cheia de palavrão e talz!

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    1. Fala Marcel! Valeu pelo seu comentário!
      A entrevista ficou foda mesmo, Bozó é um cara com muitas ideias pra dar!
      Grande abraço!
      Hail!

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