quinta-feira, 31 de maio de 2012

Exumer e Artillery, mais uma sexta-feira de quebradeira na capital!


II THRASH ASSAULT FESTIVAL

Belo Horizonte é testemunha de mais uma noite de açoite, e à moda europeia! A segunda edição do Thrash Assault Festival traz dois antigos expoentes do velho continente, ainda em excelente estado de conservação. Da Alemanha, a banda Exumer promete executar clássicos das antigas, entremeados pelo lançamento deste ano, Fire & Damnation. Não muito longe dos germânicos, a Dinamarca está representada pelos também old school Artillery, trazendo petardos do passado juntamente ao seu ultimo álbum, My Blood, lançado no ano de 2011. Uma celebração ao estilo mais dançante e beberrão do metal! Diversão garantida nesta sexta-feira, no Music Hall, a partir das 21h. Ingressos a 50 bucks a meia, inteira 100. Vendas na portaria ou nas lojas Cogumelo e Patti Songs.


EXUMER

Expoente do velho e bom thrash old school alemão está de volta, com nova formação, para divulgar seu mais recente álbum Fire & Damnation!
EXUMER - Fire & Damnation


ARTILLERY

A lenda do thrash dinamarquês vem divulgar seu último álbum My Blood!

ARTILLERY - Thrasher


Quando: sexta-feira 01/06/12

Onde: Music Hall - Santa Efigênia - BH

Preços. Antecipado: 80 reais a inteira e 40, meia. No local: 100 reais a inteira e 50, meia. Vendas antecipadas: Cogumelo rec e Patti Songs

Informações: (31) 3224-0493 - (31) 3222-6283


E ai, vai ficar de fora dessa? Compareça e mostre a força da cena underground!

25 anos de Under the Sign of the Black Mark



Under the sign of Black Mark, gravado pelo eterno Bathory, nos anos de 1980, completou 25 anos de lançamento, no dia último dia 11. Terceiro na carreira do mago Quorthon, ele é considerado um de seus melhores trabalhos, ao lado de Blood, Fire, Death e Hammerheart, gravados em 1988 e 90. Mais do que isso, o registro, lançado em 1987, revela o amadurecimento do Bathory e do próprio black metal – o disco é responsável por lançar as bases do que viria a ser o estilo como o conhecemos hoje. Ou seja, ele traça os principais elementos estéticos que viriam a ser usados pela segunda geração do estilo, representada por outras bandas escandinavas, ou mais precisamente, pelo black metal norueguês. Toda aquela sujeira e rapidez, somadas a melodias e atmosferas, tão caras aos músicos nórdicos, surgiu ali. Até então, ninguém no metal extremo havia incorporado tais sutilezas. Isso sem falar nas referências à cultura da região e do país de origem de Quorthon, a Suécia. O ideal era ser o mais malvado possível, com letras falando de satã e de um clima de terror do tipo “boi da cara preta”. Bandas americanas, como Slayer e Possessed, apostavam na velocidade, técnica e peso devastadores. Grupos europeus, como Celtic Frost, Kreator e o prório Bathory eram chamados ora de thrash, ora de death ou black metal, quando ainda não existiam as categorias que existem hoje. O álbum Back Metal (1982), do Venom, é considerado, por muitos fãs e boa parte da imprensa especializada, como o marco zero do gênero homônimo. Na verdade o primeiro trampo de Chronos e seus asseclas estava para o black metal o que o primeiro álbum, autointitulado, do Black Sabbath (1970) estava para o heavy metal. O registro colocava e antecipava algumas questões e paradigmas estéticos que iriam constituir futuramente um estilo, sem, necessariamente, se enquadrar nele, de uma maneira pura. O Venom também era considerado uma expoente da NWOBHM,
fundindo o som de bandas como Motorhead com o som da segunda geração punk, como Discharge. Mas não era ainda black metal nos moldes atuais. Porém, em seu rastro vieram bandas como Hellhammer, Bulldozer e o (one man) Bathory cujo primeiro álbum, autointitulado, de 1984, também trazia vários elementos oriundos da fusão punk e metal. Aos poucos, no final dos 1980’s, alguns poucos grupos, como o já citado Celtic Frost, resolveram apostar em temáticas e sonoridades mais ambiciosas e sofisticadas. A obra criada por Thomas "Quorthon" Forsberg se situa nessa leva de artistas. Passados os anos, o black metal só foi ser configurado na virada do anos 1980 e 1990, pela segunda geração do estilo, representada principalmente pelas polêmicas bandas norueguesas que vieram durante e depois do advento do “Inner Circle”. Quorthon e o Bathory foram fundamentais para que essas hordas forjassem e descobrissem seu som. E Under the Sign foi a pedra filosofal que permitiu ocorrer tal fenômeno. Antes dele, nenhum álbum de metal havia incorporado, valorizado a cultura e a paisagem nórdicas, com suas sutilezas e peculiaridades. Grandes grupos, como Manowar e Manilla Road, já haviam escrito materiais sobre os Vikings. Porém, fizeram isso de um ponto de vista norte-americano, resultando em uma certa ligação com histórias em quadrinhos e o cinema. Under era um álbum feito por alguém que havia nascido e crescido na Suécia, e conhecia na pele a paisagem etérea, fantasmagórica e profundamente bela do norte da Europa. Quorthon, além da voz, gravou as linhas de guitarra e baixo, tendo a companhia de Paul Lundberg na bateria. A pérola traz canções como Enter the Eternal Fire, que propõe clima a um só tempo gélido e épico, lançando as bases do que viria a ser chamado de viking metal; Woman of Dark Desires se revela uma sombria, rápida e violenta homenagem à condessa Húngara, “mucho loca” que dá nome à banda; Call from the Grave é uma marcha fúnebre e cadenciada que já antevia os momentos mais depressivos, ambientais e melancólicos de um Burzum, por exemplo. Enfim, não só a banda de Varg Vikernes, mas Immortal, Enslaved, Darkthrone, Mayhem e todas as daquelas paragens – inclusive bandas de death e black da Suécia – devem algo a esse singular petardo. Por isso, o Ser da Floresta presta aqui sua homenagem à essa obra seminal e brilhante.

Hail, Quorthon!!!


Faixas:

1)- "Nocternal Obeisance (Intro)" – 1:28. 2)- "Massacre" – 2:38. 3)- "Woman of Dark Desires" – 4:06. 4)- "Call from the Grave" – 4:53. 5)- "Equimanthorn" – 3:41. 6)- "Enter the Eternal Fire" – 6:57. 7)- "Chariots of Fire" – 2:46. 8)- "13 Candles" – 5:17. 9)- "Of Doom" – 3:44. 10)- "(Outro)" – 0:25

Escute Bathory - Call from the Grave!

terça-feira, 29 de maio de 2012

O Curupira foi: Stone Metal Fest V


Domingo, dia 20 de maio, numa fria tarde de outono, aconteceu o 5° Stone Metal festival, no tradicional Stonehenge Rock Bar, localizado no Barro Preto, região central de BH. Na ocasião tocaram Farscape e Whisptriker (Rio de Janeiro), Necrobiotic (Divinópolis) e de Belo Horizonte as bandas Metraliator, Nostoi, Expurgo, Colt.45, Paradise In Flames, Hammurabi e Thunderwrath. Um elenco de música extrema que representa várias vertentes do metal, indo do grindcore até o thrash, passando por heavy, speed e black metal. O objetivo do festival, segundo os organizadores, era tentar fortalecer a cena metal local, que se encontra, junto com outros setores da indústria cultural como um todo, em uma crise de público e de mercado. Além disso, o festival ofertou a possibilidade de bandas de peso se apresentarem em um espaço tradicional de rock´n roll, a grande maioria nunca havia tocado ali antes. O evento contou com uma estrutura excelente, as bandas se revezavam em dois palcos, vários ambientes com áreas abertas, tendas para proteger o público em caso de chuva, além, é claro, de sinucas e bares. Enfim, uma iniciativa louvável e criteriosa, que atendia a demanda de um público exigente. Como já dito antes, o espaço
em questão é bem conhecido e tradicional na cidade, por apresentar e abrigar atrações da seara do rock clássico. Nas paredes, podemos ver pôsteres de grupos como The Doors, Led Zeppelin, Pink Floyd entre outros. O bar é frequentado, em seus dias de funcionamento normal, por roqueiros mais tradicionais. Foi muito interessante a iniciativa de abrir suas portas para o público de música extrema que, nos últimos tempos, carece de espaços e oportunidades assim. Os shows rolaram numa boa e os bangers compareceram em peso, chegando aos poucos, a partir da abertura dos portões por volta de 15 horas. O Expurgo tratou de inaugurar a tarde, no palco principal, por volta de 16 horas. A banda trabalhou com sua energia habitual, apresentando seu grindcore tradicional, com várias pitadas de crust e d-beat, com suas raízes fincadas na velha escola de trituração, como Napalm Death, Repulsion, entre outros. O guitarrista Philipe tocou, em vários momentos, no meio da plateia, contribuindo para agitar o público. O mosh pit ia se formando, com o público respondendo de maneira intensa ao som da banda. O vocalista Egon, mesmo com o joelho machucado, mostrou uma performance ensandecida, convocando os presentes para agitar junto na beira do palco, também descendo para cantar no meio da galera. Enfim, os caras fizeram
um puta show, apresentando as músicas de seu ótimo, e único, full length, Burial Ground (2010). Quem estreou a tarde no palco secundário foi o Thunderwrath, executando um power metal que flerta muito com o lado progressivo do estilo. Logo em seguida, voltando ao palco principal, foi a vez do Hammurabi, um exemplar da nova geração extrema do cast da gravadora Cogumelo. Eles apresentaram seu thrash com vários elementos de death metal, mostrando-se bem maduros, apesar do pouco tempo de estrada – a banda foi formada em 2006, nas cinzas do Gestalt. O som é composto por vários elementos de Metallica, Kreator (fase Coma of Souls) algo de death metal nos vocais. O grupo estreou nesse show sua nova formação, capaz de empolgar bastante os presentes que já haviam enchido o local, quase totalmente. E a pancadaria estava apenas começando, no outro battlefield os músicos do Paradise in Flames já se posicionavam para demonstrar aquele black metal que flerta um pouco com o melódico, lembrando os tempos áureos do Dimmu Borgir. Destaque para o bom trampo das guitarras, especialmente nos solos. Já com a casa lotada, Whipstriker subiu no main stage. A plateia, heterogênea, ia de punks, bangers, alternativos e roqueiros tradicionais. Parece que essa diversidade de público é uma constante nos shows dessa geração de bandas neo-thrash que surgiram na década passada. A banda tocou de maneira feroz, ao que foi correspondida pela multidão, que formava rodas e partia para o stage diving. Liderada pelo baixista e vocalista Whipstriker - que também toca no Farscape, Atomic Roar, entre outros, além de ter tocado como live member do Toxic holocaust - o grupo apresentou seu som que remete ao início do speed e do thrash metal, quando
ainda não havia todas essas subdivisões (black, death, thrash etc) que encontramos hoje. Foi muito bacana ver várias pessoas de diversos segmentos do underground se divertindo ali juntas. No finalzinho do show do Whipstriker, corremos para conferir a apresentação do Necrobiotic, que acontecia no palco secundário. O competente death metal do grupo, que remete ao som old school, porém com pitadas de novas tendências (technical, brutal etc.) surpreendeu os felizardos que estavam presentes. O show do Necrobiotic ia se encerrando e o Farscape já havia começado a tocar. Com um espírito parecido com o do Whipstriker, o grupo também mostrou bastante garra para apresentar seu speed/thrash. O mosh foi tão violento que os ânimos chegaram a se exaltar, com um pequeno desentendimento entre dois presentes, que logo se resolveu, com a galera do “deixa disso” acalmando os ânimos. O pau quebrou com os cariocas tocando em meio a stage divings e toda uma atmosfera que remete ao passado oitentista do metal. Voltando ao segundo campo de batalha, hora de uma das melhores bandas de thrash metal da cena nacional vigente. O pequeno espaço mais uma vez serviu para unir bangers e músicos numa energia só, com rodas viscerais ao som do grande Metraliator. Mais uma vez o fast thrash
dos caras serviu para muitos extravasarem seus anseios por meio da violência pacífica. Na sequência, o quarteto do Nostoi mostrou uma mistureba bacana entre metal, rock setentista e até um pouco de gothic. Destaque para o cover de A Última Estrela, da lenda Overdose, que inclusive será gravada pelo grupo para um tributo aos pioneiros do metal das Gerais. A medida em que a hora passava, já estávamos na segunda-feira quando as últimas bandas tocaram. O bravo guerreiro que resistiu incólume aos prazeres proporcionados pelo golo, beldades (sim, muitas gatinhas no Stone) e mosh pits, conseguiu ainda apreciar um nome significativo do cenário mineiro. Colt 45, com seu metal século 21, esbanjando peso e agressividade, encerrou a noite e iniciou a semana com estilo. O Curupira parabeniza essa louvável iniciativa, que demonstrou profissionalismo, pontualidade, organização, além de oferecer um excelente espaço para shows desse calibre. Belo Horizonte esta precisando de iniciativas como essa para unir e reacender o movimento metal que anda bastante disperso e sem (muita) união. Aguardamos ansiosos pelo 6° Stone Metal Fest, em julho.



A seguir, confira alguns videos com as bandas ao vivo no Stone Metal Fest V


Whipstriker - STONE METAL FEST V - BH



Metraliator - STONE METAL FEST V - BH



Farscape - STONE METAL FEST V - BH



Nostoi - STONE METAL FEST V - BH

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Curupira ouviu: Desaster, The Arts of Destruction


Antes de começar esta resenha, quero que você, “maldito” leitor, direcione sua atenção para uma constatação que transcende a questão musical. Vamos entrar nessa viagem juntos. Provavelmente, o nome Stephen King traz algo de interessante para o seu arcabouço cultural. Filmes como Carrie, Cemitério Maldito e O Iluminado não existiriam se não fosse seu diabólico gênio literário. Stan Lee, criador do universo Marvel, também é outra denominação eterna. Desde os anos de 1940, seus super heróis estão envoltos em um mundo surreal, mesmo assim reprimido pelas mazelas sociais, políticas e afetivas que assolam nossa realidade. Dá pra imaginar o reboliço no mercado de cada um se alguma nova criação for lançada. King, com um livro inédito, ou Lee, criando um novo herói, inspirado no século vigente? Provavelmente o resultado não seria ruim, fatalmente a decepção passaria longe, mesmo se o lançamento não tivesse a inovação de outrora. O motivo de citar hipoteticamente duas representações tão inexoráveis da indústria cultural está relacionado à banda foco deste texto. Responda-me, de bate pronto: existe algum disco do Desaster que possa ser considerado uma merda? NÃO! Talvez você prefira mais a primeira fase, com o vocalista Okkulto, por ser mais introspectiva, obscura, em função do timbre dele. Ou então opte mesmo pela segunda época, com os gritos vulcânicos de Sataniac. Mas isso não importa, porque os
alemães são uma instituição consagrada da música extrema, exatamente como Stephen King e Stan Lee, em seus respectivos campos de atuação. The Arts of Destruction é apenas mais uma pérola lançada pelo quarteto maldito. Na opinião do pessoal que frequenta a floresta, o melhor trabalho da segunda fase, perdendo apenas para o magistral Angelwhore. Tudo que sempre caracterizou o som dos teutônicos está presente. Black metal com o melhor do thrash, ou thrash metal com o melhor do BM, tanto faz. Música nervosa, repleta de blasfêmia e odes ao cramulhão. Tudo do jeito que gostamos, muitos blast beats, passagens de pogo e headbanging. Isso sem falar nos dedilhados melódicos do mestre Infernal, talvez a grande alma do grupo. Difícil citar uma pedrada como a melhor, todas estão niveladas por cima. Se fosse realmente obrigado, a escolha ficaria com The Splendour of the Idols e Possessed and Defiled, esta com 8’26’’ que resumem muito bem o trabalho maravilhoso prestado pelos alemães para a música, desde o fim da década de 1980. O disco, que acompanha um DVD dos caras, está em circulação no Brasil pela Mutilation Records. Garanta o seu e vá adorar o capeta com estilo!

Nota do Pé Virado: 9/10


Confira: Desaster - Possessed And Defiled


Desaster - Queens of Sodomy (Vídeo Oficial)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Deathspell Omega lança nova música



A misteriosa horda francesa/finlandesa Deathspell Omega acaba de lançar um novo petardo, chamado Abrasive Swirling Murk. A música é uma prévia do seu novo EP, Drought, que será lançado no dia 22 de junho. Deathspell Omega é uma das bandas mais cultuadas e influentes da cena black metal contemporânea, ao lado de nomes como Blut Aus Nor, Peste Noire, Alcest, Les Discrets, entre outros. Eles praticam um lance vanguardista muito louco, com fartos elementos de death metal e de música experimental. Os membros raramente dão entrevistas e nunca aparecem em público, além de não existir nenhuma informação concreta sobre os mesmos, o que acaba gerando diversas especulações e rumores sobre as identidades. O single em questão continua a “tradição” (se é que tem algo de tradicional no trampo desses malucos) de metal extremo espacial ritualístico cheia de viradas de tempo esquisitas, escalas atonais, vocais estranhos e atmosferas caóticas. Dêem uma sacada aí e boa viagem...



Deathspell Omega - Abrasive Swirling Murk


sábado, 19 de maio de 2012

O Curupira ouviu: Soulfly, Enslaved


Max Cavalera é definitivamente um gênio do metal. Sua obra pode ser colocada ao lado de grandes ícones do peso, como James Hetfield, Dave Mustaine, Tom Warrior, entre outros. Em três décadas, o trabalho desse mineiro ajudou a construir e reafirmar uns sem números de gêneros: death metal, thrash metal, groove metal, nu metal (argh!) e até certas vertentes do hardcore. Seu modo raivoso, quase punk, de tocar guitarra, e seus berros guturais inconfundíveis marcaram várias gerações. Max ainda conseguiu a proeza de colocar um grupo de metal extremo sul-americano na MTV, nas paradas e mercado mundiais (inclusive o “impenetrável” norte-americano) colocando o metal nacional no mapa da cultura pop global. Enfim, o moço é uma peça fundamental, uma verdadeira instituição, da música pesada. O Sepultura (lembra-se deles?) estava no ápice da popularidade, em 1996, quando se separou devido a rusgas internas e problemas envolvendo negócios e família. Desde então, o grupo ficou alijado de sua figura mais carismática e seu principal líder. Os dois lados seguiram então em carros distintos de batalha: de um lado o Sepultura, com Derrick Green, com uma sonoridade bem próxima de modernóides do hardcore, tocando uma música bem diferente do começo da banda, o que acabou afastando muitos fãs (inclusive os redatores deste webzine); do outro, Max criou o Soulfly, projeto que incluiu participações de figurinhas carimbadas, como o guitarrista Lucio Maia da Nação Zumbi, e com um trampo cheio de groove, flertando com outros gêneros como nu metal (argh! de novo), world music e hip hop, desdobrando o trabalho presente no Roots. Dessa feita, as forças motrizes do Sepultura jogaram uma pá de cal em seu passado, escarrando no prato que comeram.

Pois parece que o METAL (com letras garrafais mesmo) voltou a correr nas veias de Mr. Cavalera. Não bastasse os bons álbuns lançados por seu novo projeto, Cavalera Conspiracy - Inflikted (2008) e Blunt Force Trauma (2011) – Max reuniu um time de peso e este ano lançou o oitavo disco do Soulfly, batizado de Enslaved.

O album cuja temática é a escravidão - um tópico constante na história da humanidade – é um mergulho de cabeça no estilo que consagrou nosso “herói”: o heavy/thrash metal. É claro que ambos sempre estiveram presentes no trabalho do cara, basta ouvir os trampos anteriores, Dark Ages e Conquer. Mas provavelmente desde Arise (1991) o gênero não comparecia assim de uma maneira tão pungente.

O disco revisita suas referências dos anos 1980, a saber: o death metal americano (Morbid Angel, Possessed), hardcore, thrash (principalmente o alemão, algo constante para o músico, e os yankees como Exodus e Slayer) e até heavy metal tradicional (alguns riffs e solos têm algo de NWOBHM). Além disso, Max, antenado como só ele, assimila lances mais contemporâneos, como brutal tech death metal, death melódico a la Gothenburg (At the Gates, In Flames etc.), Black/death metal (o batera David Kinkade tocou, entre outros, no Borknagar e no Malevolent Creation). Todas essas bases são canibalizadas, deglutidas e misturadas junto com as habituais influências das culturas brasileira, latina, africana, oriental etc. Pitadas de industrial podem ser percebidas aqui e ali também. Tudo isso para criar um trabalho sui generis, que fica a anos luz de algo caricato ou uma imitação grosseira de si mesmo. Cavalera e seus asseclas conseguiram criar algo único que apesar de todas essas influências talvez só possa ser enquadrado numa categorização: HEAVY METAL!

As referencias citadas acima estão ao longo das faixas. “World Scum”, o primeiro single extraído do álbum, é puro Morbid Angel (da era Domination). Os vocais nessa faixa estão bem parecidos com os de David Vincent e os blasting beats comem soltos. Em “Plata o Plomo”, composição de Max e o baixista Tony Campos (Asesino, Possessed, Ministry entre outros), é impossível não pensar em Brujeria, com sua letra, cantada em português e espanhol, fazendo referência a Pablo Escobar, com belíssimas passagens de violão flamenco. “Gladiator” começa com uma levada tipicamente thrash com riffs e refrões marcantes, para descambar num death metal, cheio de mudanças de tempo bruscas, lembrando um pouco o grande Nile, em alguns momentos, e também com a presença de cítaras, sons orientalizantes e atmosferas. A lista de convidados entrega o jogo também: Dez Fafara (Coal Chamber, Devildriver), Travis Ryan (vocal do Cattle Decapitation), além do enteado Richie Cavalera e os filhos de Max, Igor Cavalera Jr. e Zyon Cavalera – colaborando nos vocais, guitarra e bateria, respectivamente, na faixa Revengeance. Isso sem falar no colaborador habitual, o excelente guitarrista Marc Rizzo, que participou dos últimos álbuns do Soulfly. Enfim, ainda é cedo pra dizer se Enslaved será um clássico. Mas com certeza o Diabo da Tasmânia do metal soube se reinventar.

Nota dos pé virado: 8/10



SOULFLY - World Scum (Vídeo oficial)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

RONNIE JAMES DIO INSUBSTITUÍVEL!!!


Hoje, dia 16 de maio, completam dois anos que Ronnie James Dio nos deixou. Um estúpido câncer no estomago tirou a vida, aos 67 anos, daquele que é considerado a personificação do heavy metal. Aliás, a história de Dio se confunde com a história do metal, com vários episódios que são essenciais para o surgimento, desdobramento e consolidação do gênero. A carreira de Ronald James Padavona começou lá no final dos anos de 1950, nos EUA, tocando em um grupo de rockabilly, o que o torna tão longevo quanto muitos dos dinossauros do rock como os Stones ou os Beatles. Depois veio o Elf, com algumas pérolas do hard setentista. Daí veio o Rainbow, de Richie Blackmore (outro gênio que ajudou a criar e construir o metal), onde o baixinho soltou sua voz em petardos indispensáveis como “Rainbow’s Rising” (1976) e ” Long Live Rock N Roll” (1978). Nesse peródo, ele começa a consolidar sua imagem e identidade, ao mesmo tempo em que ajuda a criar as bases estéticas do metal como o conhecemos hoje. Os vocais épicos e dramáticos - sem mencionar sua voz única e inconfundível - e a presença de palco hipnotizante, são apenas algumas das contribuições e predicados que marcaram sua trajetória a partir desse momento até o fim de sua vida. Na virada dos 1970’s para os 80’s, Ronnie passa a integrar o Black Sabbath, carreira que, entre idas e vindas, nos legou obras primas como “Heaven and Hell” (1980). Como se não bastasse a sua magnífica carreira solo, o mestre de origem ítalo-americana, ajudou a criar o “horns” (ou chifrinho, como dizem por aí), gesto originalmente de xingamento, herdado de sua avó italiana, que passou a integrar seus shows, tornando-se o maior símbolo do metal. Bom, falar mais da carreira dessa verdadeira instituição do metal é chover no molhado. Poderíamos escrever um verdadeiro tratado sobre a importância de Dio para a música pesada e talvez não conseguíssemos traduzir seu impacto e influência para a cena. Então, sem mais delongas, aquele de pés virados gostaria de deixar uma mensagem:

MUITO OBRIGADO RONNIE !!

SE VOCÊ NÃO EXISTISSE, TALVEZ NÃO ESTIVÉSSEMOS AQUI...


Rainbow - TEMPLE OF THE KING

Stone Metal Fest


O próximo domingo é dia de bater cabeça na capital! 10 bandas que representam muito bem o cenário atual estão escaladas para muitas horas de música pesada. As apresentações acontecem em um espaço que cada vez mais vem ganhando notoriedade por suportar vários shows do estilo. No Stonehenge Rock Bar, vai ocorrer a quinta edição do Stone Metal Fest, a maior versão, até aqui. O produtor Márcio Siqueira, da MS BHz Comunicação, esteve na floresta e bateu um papo sobre toda a programação e criação do evento.

O Curupira: Como surgiu a ideia do SMF?

Márcio Siqueira: A idéia do festival nasceu dentro do Stonehenge Rock Bar em um papo entre a MS BHz e os donos do bar. O objetivo inicial foi resgatar e fortalecer o cenário de Belo Horizonte, com apresentações de bandas que nunca tiveram oportunidade de tocar no bar mais tradicional de rock n’ roll da cidade.

O Curupira: Quais são as atrações, tanto de bandas, quanto do local em si?

Márcio Siqueira: Varias bandas já tocaram no Stone Metal e em cada edição o evento fica mais grandioso e com mais prestigio. Nas primeiras edições tivemos a oportunidade de apresentar bandas como Drowned, Tormento, Dinnamarque, Vorticis, Facínora, dentre outras. Na quarta edição tivemos o talentoso vocalista Zak Stevens (ex-Savatage e atual Circle II Circle), apresentando um set acústico e resgatando clássicos de toda sua carriera.

Nesta próxima edição, que ocorrerá no dia 20 de maio, serão 10 bandas se apresentando em 2 palcos. Os shows serão intercalados com uma estrutura inovadora no bar. Além disto, haverá promoções de bebidas e sinuca liberada para quem quiser jogar. Um ambiente totalmente descontraído.

As bandas confirmadas para a quinta edição serão Farscape e Whisptriker (Rio de Janeiro), Necrobiotic (Divinópolis) e de Belo Horizonte as bandas Metraliator, Nostoi, Expurgo, Colt.45, Paradise In Flames, Hammurabi e Thunderwrath. Uma verdadeira devastação sonora que passará do heavy metal, até o black metal.

O Curupira: Por que a escolha do Stonehenge para o evento? Ele suporta legal o público?

Márcio Siqueira: A casa é totalmente ligada com o público. É um espaço freqüentado normalmente pelos bangers. O Stonehenge suporta muito bem esses eventos. O público está cada vez mais exigente e merece um espaço aonde ele vai se sentir em casa. O Stonehenge é a casa do rock em Belo Horizonte.

O Curupira: Se não me engano, a próxima edição é a quinta. É o maior cast já organizado?

Márcio Siqueira: Sim. Essa quinta edição está sendo a maior até o momento em termos de cast e também de estrutura. Serão dois palcos montados, foi feita uma cobertura na área externa para não correr o risco de tirar o público da casa em caso de chuva, e a piscina também ganhou uma cobertura para comportar melhor as pessoas. Além da estrutura de luz e palco montados na área externa do bar que são ferramentas inovadoras na casa.

O Curupira: Como se deu a escolha das bandas?

Márcio Siqueira: Escolhemos as bandas que o público deseja ver. Ainda haverá muitas em outras edições.

O Curupira: Nos últimos anos, Belo Horizonte anda meio que devagar nesse tipo de evento, só com bandas locais. O que vc acha que vem atrapalhando a realização de shows desse porte?

Márcio Siqueira: Não somente os eventos menores, mas como os maiores estão sofrendo com uma crise no cenário. Mas isso não é somente na industria cultural. O comercio também está muito devagar para o heavy metal e isto tudo forma um problema. Acredito que possamos ter uma reação a qualquer momento e para isto, o trabalho precisa continuar.

O Curupira: Como funciona a logística da organização de um festival local?

Márcio Siqueira: Não tem muito mistério. Primeiramente é conhecer o mercado e as bandas com as quais deseja trabalhar. Saber divulgar em seu público alvo e conhecer o que o mercado atual tem a oferecer. Não ficar sonhado em resultados lucrativos absurdos. Fazer a coisa acontecer organizada e preparar uma equipe que vem agregar ao seu trabalho e não atrapalhar. Ter conhecimento é fundamental.

O Curupira: Existe um intervalo exato para a realização das edições ou depende do mercado?

Márcio Siqueira: Belo Horizonte é sempre bom ter um intervalo entre eventos. Ainda mais com essa crise atual. O publico se divide caso tenha mais de dois shows no mesmo mês. O Stone Metal completará dia 15 de julho um ano de existência. Será a sexta edição. Desde o inicio focamos a idéia de fazer quatro edições no máximo por ano. O público precisa de um intervalo, se não vira rotina e a coisa cai.

O Curupira: Qual o recado que você, como produtor, manda para o público mineiro que acompanha a cena?

Márcio Siqueira: Não desistam de apoiar o metal! Independentemente do estilo que você segue, acompanhe os eventos, ajude a divulgar as bandas que você gosta para seus amigos e ajude a promover os eventos de sua cidade. O metal não é apenas um estilo musical, mas sim um estilo de vida. Viva intensamente o metal!

Stonehenge Rock Bar

Rua Tupis, 1448 – Barro Preto – Belo Horizonte / MG

Tel: (31) 3271.3476

Entrada: R$ 20,00

Censura: 18 anos


Tormento - Spreading The Evil (Live at Stone Metal Fest 2011, Belo Horizonte, Brazil)



ZAK STEVENS - Unplugged ( Live at Stone Metal Fest - Belo Horizonte - Brazil - 2011 )



Drowned - Bio-Violence ( Live at Stone Metal Fest - Belo Horizonte - Brazil - 2011 )


terça-feira, 15 de maio de 2012

Precursores do black metal de vanguarda lançam compilação de covers de clássicos da psicodelia dos 60’s


Os veteranos do black metal norueguês, Ulver, vão lançar uma álbum de covers com canções clássicas de bandas psicodélicas dos anos de 1960. O album se chamará Childhood's End, e contará com canções de grupos como The 13th Floor Elevators, Eletric Prunes, Jefeferson Airplane, The Pretty, entre outros.

O Ulver foi uma das bandas que surgiram na Noruega nos 1990´s. Pertencente a uma geração de hordas que vieram depois de pioneiros como Mayhem e Darkthrone, os caras sempre se caracterizaram por lançar discos que fossem diferentes uns dos outros, nunca se repetindo. A rigor, somente seus três primeiros álbuns - Bergtatt (1995), Kveldssanger (96) e Nattens Madrigal (97) - podem ser considerados black metal – pelo menos dentro de uma perspectiva purista ou ortodoxa. A partir do quarto lançamento, os noruegueses pautaram por registros nos quais cabiam influências de gêneros diversos, como eletrônica, música industrial, rock alternativo, dark ambient, múcica sinfônica, experimental, de vanguarda entre outras esquisitices. A banda sempre se enveredou pela invenção e experimentação, influenciando e abrindo caminho, ao lado de nomes como Burzum, para as tendências contemporâneas do BM, como post-black metal, black metal/shoegazing, ambient, experimental etc.

No vídeo, que segue logo abaixo, o frontman Kristoffer Rygg disseca as influências e referências da banda. O vocalista, músico e produtor fala sobre a sua introdução à psicodelia, a filosofia por trás das motivações para gravar as canções e muito mais. Aliás, o material é bastante esclarecedor para conhecer as origens de uma banda corajosa na criação de suas fritações que tanto influenciaram as novas gerações quanto faz torcer o nariz dos mais radicais. Então dá uma sacada na lista dos clássicos revisitados na bolacha e nos vídeos logo abaixo. Boa viagem... ou não.

Fonte: kscopemusic.com



Ulver - Childhood's End - Interview to Kristoffer Rygg



Ulver - Magic Hollow (from Childhood's End)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Suicidal Tendencies na Flamming Hell IV


Enquanto a nossa equipe curtia o maravilhoso espetáculo musical promovido pelo Enlevo dos Encontros Sorumbáticos, Ato II, outra pancadaria acontecia na cidade. Nosso colaborador José Luiz Rocha bateu cabeça com o Suicidal e trouxe uma idéia pro Curupira. Confira!

Evento promovido pela 53HC, realizado no dia 4 de abril, no Music Hall em Belo Horizonte. Shows com duas representações nacionais e a grande atração da noite, direto dos EUA, Suicidal Tendencies. A programação começou com a banda local, Possuídos, em franca expansão na cena alternativa de Belo Horizonte. Com suas músicas rápidas e agressivas, eles fizeram um show além da expectativa, animando o público razoável que se fazia presente no evento. Os componentes da banda são: Flávio e Bruno Kbeça, no vocal; Marcos, na guitarra; Cristiano, no baixo e Bruno, na bateria. Foi uma abertura empolgante, que deixará boas recordações, principalmente para quem pegou as camisetas lançadas pelos caras. Dando prosseguimento aos trabalhos, os brasilienses do D.F.C. subiram ao palco com um público um pouco maior. O hardcore/crossover peculiar da banda, com letras política e de humor negro, animou o público. Foram executadas músicas novas, como Boletim de Ocorrência, Possuído Pelo Cão, O Mal da Liberdade e Cidade de Merda (homenagem à capital do país.). Depois dessa, o foco foi o disco Igreja Quadrangular do Triângulo Redondo (1996). E como era de se esperar, a banda fez um show agitado, animando o público que começou o stage diving, dando trabalho aos seguranças. O grupo, composto por Túlio, Miguel, Leonardo e Fabrício, encerrou o show com “Molecada 666”, abrindo para a grande atração da noite,
Suicidal Tendencies. A pancadaria começou pontualmente às 22:30h. A banda entrou no palco com o dedilhar de guitarra de You Can’t Bring Me Down. Isso foi o suficiente para deixar os insanos animados, já começava um pequeno mosh. A entrada de Mike Muir no palco levou o público à loucura. Quando a plateia achou que iria ter uma folga, surgem os primeiros acordes de Institutionalized, a música mais esperada da noite. Depois de Sublimal, Join The Army, veio War Inside My Head que empolgou ainda mais com seu refrão clássico e repetitivo. Chegando à parte final, aparece mais um hino, Possessed To Skate, para alegria dos skatistas no Music Hall. Os californianos seguiram com Freedom, I Saw Your Mommy, How Will I Laugh Tomorrow, Send Me Your Money e Memories of Tommorow. Animação ensandecida por quase 2 horas, um show memorável, que esbanjou simpatia. Mike Muir (vocal), Eric More (bateria), Steve Brunner (baixo), Dean Pleasnts e Mike Clarck (guitarra) encerraram de vez com o bis: I Want More e Pledge Of Allegiance




domingo, 13 de maio de 2012

Nocturnal Depression traz melancolia e blasfêmia para Belo Horizonte


Hora de rebaixar o espírito e nivelar-se com algo obscuro que emana do universo. O Enlevo dos Encontros Sorumbáticos, Ato II, serviu como uma catarse coletiva, o canto único ao lado profano, existente em cada um de nós. O evento aconteceu na primeira sexta-feira de maio, 4, e contou a apresentação das bandas Aasverus, Abasbaron, Martírio, Tristes Terminus e, como headliner, a francesa Nocturnal Depression, pela primeira vez em BH. Os hermanos do Wolves Winter também estavam agendados para a noite, mas tiveram problemas ainda na Argentina e nem viajaram. Segundo os caras, eles perderam alguns instrumentos, furtados dias antes, e não conseguiram resolver a tempo. Mas antes de falar dos shows, vale citar o local onde ocorreram. Um galpão velho na avenida Amazonas, localizado na divisa entre BH e Contagem, uma região industrial sem vida, mesmo com a passagem diária de milhares de pessoas, por causa do trânsito. Visualmente falando, uma pequena Birmingham, berço europeu do metal, bem mineira. Durante o dia, um caos no tráfego, muitas vezes com acidentes e mortes, já que o trecho é bastante perigoso. À noite, a movimentação de veículos diminui, mas ainda é nociva. Tudo em um ambiente onde não há casas; apenas imóveis abandonados, além de parcos e antigos estabelecimentos comerciais. Ingredientes sugestivos para alimentar a cena extrema, alheia a qualquer detalhe que revele alguma noção estética de mercado.
Aasverus foi a horda escalada para ciceronear a noite. Não somente pelo fato de ser a primeira a tocar, mas também por terem trazido a turnê do Nocturnal para BH. É muito bom saber que existem pessoas interessadas em abastecer o underground com música e iniciativas que fortalecem os elos. Um “evil” do it yourself é sempre bem vindo. Falando da apresentação em si, o grande lance dos caras é conseguir atrair pelo rito. Muito se fala que o som é arrastadaço, demorado, por isso um pouco cansativo. Uai, Funeral Doom Metal é isso daí mesmo, não se pode esperar outra coisa. Mas dá pra curtir, sim, ainda mais com todo o aspecto teatral que envolve a apresentação. Velas espalhadas na linha de frente, cores vermelha e preta. Os incensos eram responsáveis por um odor inebriante, que dava até um barato quando associado à música. A indefectível maquiagem obscura e uma competente postura de palco garantem a atitude dos músicos.
Logo depois sobem os veteranos da região do Barreiro, Abasbaron. Black/death que desde os anos de 1990 merece respeito. Petardos cheios de agressividade, cadenciados entre blast beats e passagens mais épicas, bem pra banguear mesmo. Músicos já com seus trinta e tantos anos, quiçá 40, que deixaram as longas madeixas pra trás há muito tempo. Tímidas rodas começaram a ganhar coragem e força, e dali a coisa apenas melhoraria. Uma apresentação do caralho, bem voltada para uma época de ouro da música extrema mineira. Destaque para Evil Metaphysical, que resume legal a proposta do quinteto.
Antes da terceira banda, a melhor pedida era pegar uma lata de cerveja bem gelada. Uma excelente companhia para ouvir o som do Martírio. A latinha serve para ser empunhada várias vezes, brindando à thrasheira black metal oferecida. Isso se você não estiver castigando seu pescoço com frenéticos movimentos circulares. Impossível não se lembrar da lenda germânica Desaster, quando ouve-se o som dos mineiros. Sem falar em algumas doses de Maiden 1980´s que, somadas ao mais genuíno black metal das Gerais, fazem um tipo de música extremamente agradável. A última vez que o Curupira viu um show deles não havia baixista. O que era bom ficou melhor, já que as quatro cordas estão bem lideradas pelo colega de imprensa Pedro Jaued. Destaque ainda para o vocalista Cleiton, que tem a entonação ideal para a ideia musical dos caras. Mar Negro e Força Diabólica fizeram valer a pena o ingresso para todo o evento!
Depois foi a vez do Tristis Terminus apresentar seu Doom Metal, direto da cidade mineira de Barbacena. Um tipo de som que, se destoou musicalmente das outras bandas, por ser menos extremo, ganhou por manter a melancolia no ar. Os gritos macambúzios, cheios de dor, do vocalista Eduardo Tristis chamaram a atenção. Outro destaque foi para a beleza da competente baixista Silvânia. Em um mundo de Trolls, uma beldade faz muito bem para os olhos. Talvez ainda por não possuir repertório suficiente, duas covers de bandas emblemáticas do estilo, como Katatonia e, principalmente, Bethlehem, foram bem executadas.
Era chegado o momento da atração principal. Depressão, ódio e suicídio passaram a contextualizar o ambiente. Tudo capitaneado por uma banda francesa, baluarte do subestilo, batizado como Depressive Black Metal, e que ganhou muita força neste novo século. Uma proposta musical amuada, carregada em sentimentos negativos, inevitáveis de serem obtidos neste mundo, com letras que incitam o suicídio e outras formas de morte como alívio para todo o mal que nos assola. Claro que não vale levar tudo ao pé da letra, seria uma idiotice o camarada dar um tiro na cabeça porque uma puta banda sugere. Até mesmo porque nem quem criou a ideia faz isso! A grande sacada é a catarse, a música como válvula de escape e a arte obscura como pano de fundo para suplantar as mazelas... simples assim. Mas a energia emanada durante a apresentação, ah, é o que conta. Os gringos souberam escolher o set, perpassando boa parte da carreira, que tem cinco full length, cinco splits e cinco demos. Um detalhe interessante foi que eles colocaram um pouquinho mais de peso e velocidade nas canções, geralmente bem arrastadas nos trabalhos de estúdio. Mesmo assim, em vários momentos aquela atmosfera sombria pairava no ar, especialmente quando apenas os lentos dedilhados nas guitarras eram ouvidos. Música toca a alma das pessoas, todos sabem. Mas quando o lado atingido é aquele com o qual a convivência não é tão fácil,
a dor se faz presente. E os franceses sabem encontrar esse ponto com sua base melancólica e agressiva. Mas não foi apenas de baixo astral que o show dos caras foi marcado. Alguns torpedos, como As Some Blades Penetrating My Flesh e Dead Children (foda!), foram acionados e fizeram o público banguear pra cacete. O vocalista Lord Lokhraed é um caso à parte. Ele nasceu com uma deficiência na mão esquerda, que tem apenas dois dedos grossos, remetendo a uma pata de bode. Naturalmente satânico. E o próprio músico tira proveito disso, pintando a mão de vermelho, dando uma aparência ensanguentada, durante os shows. Não somente, o membro inusitado traz singularidade ao músico na execução dos acordes. E para quem poderia fazer algum comentário jocoso, basta ler a terceira estrofe da música We´re All Better Off Dead e sacar o que Lokhraed pensa sobre o detalhe físico dele. Ao fim das contas, o melhor show que BH teve neste ano, até o momento. Mais uma vez, parabéns para as hordas que participaram do evento, tocando, ajudando na produção e venda de produtos. Por falar nisso, é uma sensação do caralho poder ouvir música de qualidade, com cerveja a preço acessível. Sem falar dos salgados que salvaram a vida dos lariqueiros de plantão. A equipe do Curupira deixa aqui os mais sinceros agradecimentos por ter participado deste trabalho muito bem elaborado. Que venham outros.








Set lists

Aasverus

Myspace Aasverus

I – Canto instrumetal (instrumental)

II – The History

III – Forgotten

Abasberus

Myspace Abasberus

I – War

II – Ex Lege

III – The Glory of Pagan Winds

IV – Evil Metaphysical

V – The Last Opponent

VI – Marching to the Death

VII – Metal Blood

Martírio

Myspace Martírio

I – Almas Impuras

II – Enigmas Finais

III – Martírio

IV – Ínferos Fúnebres

V – Delírio da Demonente

VI – Mar Negro

VII – Força Diabólica

VIII – Instinto Profano

Tristis Terminus

Myspace Tristis Terminus

I – The Sadness is For Me (inst.)

II – Tagebuch Einer Totgeburt (Bethlehem Cover)

III – The Dead Days That Will Come

IV – Gateways to Bereavement (Katatonia Cover)

V – The Terror That Precedes the End

Nocturnal Depression

Myspace Nocturnal Depression

I – Elegy

II – Vinter

III – Isolement

IV – They

V – Fjaer (Spring)

VI – Beskiat

VII – As Some Blades Penetrating My Flesh / 7 Tears

VIII – Nostalgia

IX – Dead Children

X – Her Ghost Haunts These Walls

XI – The Cult of Negation

XII – Transylvanian Hunger (Darkthrone cover)

sábado, 12 de maio de 2012

Mais uma dose dupla de peso na capital


Belo Horizonte apresenta duas opções para curtição da música pesada neste sábado. Na praça da Matriz, número 20, em Venda Nova, tem show de graça com as bandas Divine Death e Holy Deception. Início da pancadaria marcado para as 19h. Mais informações no telefone (31) 3024 7673.

Do outro lado da cidade, na divisa com Contagem, tem a versão 2012 do Total Destruction. As hordas convidadas são Aurora Ignea (PI), Strigia (SP), Behalf Fiend (MG), Bellicum Bestiallis (SP), Tormento Bestial (ES), Noctivago 666 (MT), Echetos (MG) e Cursed Christ (SP). No galpão da Amazonas, 9340, bairro Cidade Industrial. A partir das 17h, com o ingresso a APENAS 15 reais.




Apoie o underground nacional! Valorize as bandas e fortaleça a cena!




quinta-feira, 10 de maio de 2012

Kreator prestes a lançar novo disco



Uma das maiores bandas de todos os tempos está prestes a lançar mais um disco de estúdio. Sucessor de Hordes of Chaos, Phantom Antichrist dá indícios de que a pedrada vai ser boa. O lançamento oficial está marcado para o dia primeiro de junho, daqui a menos de um mês. A produção ficou a cargo de Jens Bogren, que já trabalhou com Opeth, Katatonia, Soilwork e Amon Amarth. A formação atual dos alemães é composta pelo gênio Mille Petrozza (vocal, guitarra), Sami Yli-Sirnio (guitarra), Christian “Speesy” Giesler (baixo) e o insano Jurgen “Ventor” Reil (bateria). Logo abaixo você confere o vídeo clipe oficial da faixa homônima, que vem causando boas impressões na web.






Track list Phantom Antichrist

1 – Mars Mantra

2 – Phantom Antichrist

3 – Death to the World

4 – From Flood Into Fire

5 – Civilization Colapse

6 – United in Hate

7 – The Few, the Proud, the Broken

8 – Your Heaven, my Hell

9 – Victory Will Come

10 – Until our Paths Cross Again


Confira o vídeo oficial da faixa título, Phantom Antichrist

terça-feira, 8 de maio de 2012

Six Feet Under divulga vídeo com letras para novo trabalho


O vídeo oficial (com letras) para a música 18 Days dos veteranos do death metal da Florida, SIX FEET UNDER, pode ser visto no link abaixo (cortesia do site de horror gringo Bloody Disgusting ). O hino apocalíptico foi lançado para promover o próximo album de estúdio da banda, Undead, previsto para lançamento na América do Norte em 22 de maio, através da Metal Blade Records. O CD de 12 faixas foi produzido por Mark Lewis (DEICIDE, DevilDriver) e mixado por Jason Suecof (Whitechapel, Job for a Cowboy), no Audiohammer Studios em Sanford, Flórida. Conhecido por seus temas elegíacos sobre assassinato, morte e sobrenatural, o vocalista e autor das letras do grupo Chris Barnes revisita em Undead temas que são familiares aos fãs da banda. Barnes observa que "as hipocrisias do cotidiano, coisas que nos afetam como agressão, solidão, tristeza e um monte de outras emoções estão presentes em todo o álbum. Eu acho que o horror sombrio que mexe com os seres humanos é o meu nicho." No entanto, enquanto Barnes tem uma visão muito clara de seu ofício, ele está sempre animado com as interpretações de suas músicas feitas por seus fãs, alimentando o investimento emocional que eles colocam nelas. "Eu adoro quando as pessoas me dizem sobre a leitura que fazem a partir da música e das letras: é como ser um artista, você coloca a pintura na parede, você sabe o que é, mas às vezes é um pouco abstrato e alguém vê alguma coisa nele, e esse é o maior elogio para mim”, completa.


SIX FEET UNDER é:

* Rob Arnold (CHIMAIRA) - Guitarra

* Kevin Talley (DAATH, MISERY INDEX, CHIMAIRA) - Bateria

* Chris Barnes (CANNIBAL CORPSE) - Vocal

* Steve Swanson - Guitarra

* Jeff Hughell (RECIPROCAL, BRAIN DRILL, VILE) - Baixo




Six Feet Under "18 days" (OFFICIAL)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Metal e punk dividem espaço em bairro nobre de BH


Belo Horizonte testemunhou no último sábado de abril, 29, um lance pra lá de especial: o Gig Punk, festival que ocorreu na histórica praça Duque de Caxias no bairro Santa Tereza. Foram reunidas atrações da cena punk e metal, como Martyrizer (Grind, BH), Execradores (Anarco-punk, SP), Tuna (Punk rock, SP) e Metrliator (Thrash, BH). O evento trazia a promessa da união de públicos que historicamente se aventavam como inimigos, perpetrando lendárias “tretas” nos idos dos anos de 1980 e 90. Apesar das controvérsias, os shows transcorreram numa boa e o público ficou ensandecido apenas para corresponder à energia descarregada pelas bandas no palco. Houve um desentendimento, aparentemente entre punks e skinheads, na praça, relatado por pessoas presentes no show, mas foi algo isolado que não teve nenhum tipo de relação direta com os gigs, apesar de deixar uma certa tensão no ar. No mais, foi uma noite de contrastes bem interessantes. A casa que recebeu as atrações é o tradicional espaço Recanto da Seresta que, como seu nome indica, está acostumado a receber atrações ligadas à música popular brasileira. Era muito interessante ver estandes de vendas de camisetas, zines, discos em vinil, CDs e material em geral, além de shows punks e de música extrema em meio a fotos de artistas nada a ver, como Dominguinhos. Isso sem falar no próprio cenário que é Santa Tereza: um lugar onde ainda reinam o tradicional (igrejas, arquitetura antiga) e o boêmio; um bairro que conserva um charme cultural (resquício da aura de movimentos culturais como o Clube da Esquina, artistas etc.) e é também um dos grandes centros irradiadores do metal mineiro, pois é o berço do um dia fantástico Sepultura. Uma atmosfera bacana cheia de imagens e lembranças do cenário cultural mineiro e nacional.

Infelizmente, por conta de contratempos, não pudemos presenciar o show dos mineiros do Martyrizer. Quando adentramos ao local, o Metraliator dava os últimos toques na passagem de som. Muitas pessoas encontravam-se do lado de fora, tomando cerveja antes do show, já que o ingresso em forma de carimbo permitia isso nos intervalos entre as apresentações. Quando os primeiros acordes soaram a casa encheu subitamente. Com o espaço lotado o ritual de pancadaria thrash teve início. A banda pratica um retro-neo-black-thrash (ou speed “evil” thrash metal, como eles mesmos preferem) calcado nos anos 1980, particularmente na diabólica trindade alemã (Destruction, Sodom e Kreator). E aquilo que poderia se tornar pastiche idólatra cheio de clichês, acabou sendo um show divertidíssimo, com músicos afiados que fazem uma leitura muito bacana e particular do som oitentista – e não uma mera cópia vazia. A violência e rapidez dos riffs da guitarra de Paulo, somadas à cozinha de Canário (baixo) e Misantropic (Bateria), nos lembram de que punk e metal têm mais afinidades do que supõem os detratores preconceituosos de ambos os lados. Em vários momentos, o vocalista Rock´n Roll desceu e cantou no meio da plateia, assim como o público também subia no palco. Comunicativo e simpático, entre as músicas sempre fazia comentários sobre a união entre metal e punk, e a possibilidade de resistência subjetiva num mundo pra lá de escroto. Uma verdadeira aula sobre a fusão entre os estilos que redundou no metal extremo.

Depois do Metraliador foi a vez do Tuna, projeto formado por membros dos Execradores – Josimas no baixo e Paulo na guitarra, ambos trocando os instrumentos que usam na sua banda de origem. Punk rock experimental, com várias influências que vão do post-punk ao noise, passando pelo rock alternativo e elementos crust/d-beat. A performance da vocalista Andreza é um caso a parte. Com visual agressivo, de cabelos curtos e esbanjando sensualidade, a moça tinha atitude para dar e vender, se contorcendo, andando pelo pequeno palco de lá para cá ou cantando no meio da galera. Seu timbre vocal lembrava um pouco a cantora Rosália do falecido grupo oitentista pós-punk paulista, Mercenárias. O Tuna, alias é formado por excelentes músicos, possuindo uma aparelhagem bem bacana (guitarras semi-acústicas, baixo rickenbaker, fender telecaster), e executando composições que, apesar da tosquice, exibem uma sofisticação vanguardista sem igual. No final do show, o grupo arriscou um experimento totalmente noise baseado em microfonia obtida a partir dos pedais e outros efeitos de guitarras. Um grande show, apesar do esvaziamento da casa – boa parte da moçada foi tomar golo do lado de fora – e de alguns probleminhas técnicos com o som.

Quando os Execradores subiram ao palco a casa se encontrava com sua lotação esgotada. Podiam-se ver pessoas que ostentavam camisetas que iam de Darkthrone, passando pelos heróis do crust Doom, chegando até o Velvet Underground. Ou seja, um público bastante heterogêneo se encontrava no local. Ameba, do Attack Epiletico subiu ao palco e fez as honras de mestre de Cerimônia, anunciando o armmagedon sônico da banda. No seu discurso, falou sobre a importância da união entre punks e bangers (ideia propagada por praticamente todos envolvidos no festival, sejam músicos ou organizadores) e ainda cuspiu veneno contra racismo, sexismo e outros males e enfermidades que assolam nossa civilização. A banda então iniciou seu som, carregado de influencias punk, d-beat, crust e hardcore. Cada intervalo entre as músicas foi pontuado pelo discurso com sólida base anarco-punk, do vocalista e guitarrista Josimas. Um exemplo é “Sistema Familiar” porrada sobre a opressão da instituição da família burguesa. O som dos Execradores, banda que já tem 21 anos de carreira, é mais direto que o do projeto Tuna, de base mais experimental. Vale lembrar que o vocalista e guitarrista Josimas e o baixista Paulo voltaram aos seus instrumentos de origem. A plateia também compareceu em peso se tornando um espetáculo na demonstração de energia, com personagens históricos do punk belorizontino entrando no mosh, que pegou fogo. Ao final da apresentação, antes das 22 horas, todos se retiraram do local, sem maiores incidentes, demonstrando bastante organização. Um final feliz para uma noite que ultrapassou o preconceito e provou ser possível que soldados underground urbanos, como os punks e bangers, podem se unir e se divertir, construindo alternativas contra o “pão-e-circo” do opressor.


Set Lists:

MARTYRIZER

1-TO DISTORT THE WORLD

2-GRINDCORE IS FREEDOM

3-SICK MUSIC TO AN EXTREME WORLD

4-SUMMER HITS

5-DEMISE

6-REFUGE

7-FIGHT FOR NOTHING

8-DESTROY PASARGADA

9-THE VOID BOTHERS YOU

10-CRIES OF DESPAIR

11-MASKED FACES

12-THE DOGS BARK AND THE BULLET'S DON'T STOP

13-NEURO COLLAPSE

METRALIATOR

1-EVIL MASS

2-SATANIC ANARCHY

3-BESTIAL FORCE

4-SPEED METAL MACHINE

5-METRALIATOR

6-MISANTHROPIC/MOTORBANGER

7-BANISH THE FALSE

8-SEXUAL VIOLENCE

9-PUNK METAL OLD SCHOOL

10-THE ROAD NIGHTMARE

11-KILL THE OPRESSION

TUNA

1-ISMAEL NO AMPLIDIFICADOR

2-QUERO FICAR NO SEU CORPO FEITO TATUAGEM

3-DE PERTO, O MUNDO DIVERSO

4-ANTES SER O CIO QUE A REGRA

5-VOAR DA CIDADE

6-70% DE MAR

7-BOM DIA, CABEÇA DE NABO

8-APIMENTANDO O NOSSO

EXECRADORES

1-INTRO

2-ESPELHO

3-SEM FRONTEIRAS

4-OCUPAÇÃO

5-VIDA

6-CONSCIÊNCIA

7-ANIMAL II

8-SISTEMA FAMILIAR

9-FORÇA DE VONTADE

10-SER ADULTO

11-SUBVERTA

12-ALTERNATIVO

13-07/10/1937

14-CARRETEL

15-JUVENTUDE ANTIFA

16-POR QUE MORRER?

17-NATUREZA

18-PUNK

19-AO MILITAR

20-IGUALDADE

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dose dupla de pancadaria em Belo Horizonte


A noite de sexta tem duas opções para os apreciadores da boa música, com alternativas distintas das subdivisões do metal.



Às 20 horas tem início a profanação que vai amaldiçoar toda a Cidade Industrial. Trata-se do Enlevo dos Encantos Sorumbáticos, Ato II. Uma celebração às forças ocultas, sob a égide das hordas Aasverus, Abasbaron, Martírio (todas de BH) e Tristis Terminus (Barbacena, MG). Como atração internacional, os argentinos do Wolves Winter e, pela primeira vez em Minas, os franceses do Nocturnal Depression – uma das melhores bandas de Depressive Black Metal do planeta! Black doom, tradicional e mesclado com o thrash, tudo misturado no caldeirão do capeta para o deleite daqueles que possuem algo de negro em seus espíritos. O ingresso custa 45 reais e pode ser comprado na loja Purple Records (Galeria Praça 7) ou no local do evento – avenida Amazonas, 9340, bairro Cidade Industrial, na divisa entre BH e Contagem.





Agora se você está mais ligado naquele lance de skate na mão e bandana na testa não deve perder o show dos caras que trouxeram essa moda para o metal. Direto de Los Angeles, os norte-americanos do Suicidal Tendencies prometem um show histórico, baseado nos mais de 30 anos de carreira. Clássicos do crossover internacional terão também a companhia do hardcore executado pelas bandas Possuídos (BH) e DFC (Brasília). As apresentações, com início marcado para as 21h, fazem parte da quarta edição do Flaming Hell, organizado pelo pessoal da 53 HC. Ingressos a 80 bucks (inteira), 40 (meia). Mais informações no (031) 3271 7237.






A cidade recebe hoje dois nomes distintos e relevantes da cena mundial, sem precisar mencionar o nosso produto. Tire a mão do bolso, escolha um e vá bater cabeça!



quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Curupira entrevista: Bozó (Overdose), parte II


Após a boa repercussão da primeira parte da entrevista com Bozó, agora é hora de finalizar a divertida conversa. Se você voltar no áudio do primeiro post, vai perceber que o carismático vocalista do Overdose falava sobre paternidade. E é justamente assim que começamos este segundo. Drogas, turnês, espiritualidade, Sepultura, discografia e até Dirceu Pereira (apresentador de um mineiro programa popular nos anos de 1980) fazem parte do bate papo. Mais uma vez, seguem alguns trechos da entrevista, feita por dois dos representantes urbanos do Curupira, Oswaldo Diniz e Daniel Cassin. No final, o áudio com a íntegra de toda a conversa, incluindo recado aos headbangers, vale a pena conferir! O Ser da Floresta agradece profundamente a Pedro Amorim do Carmo pela disposição em falar um pouco neste webzine da sua importante participação na construção da cena metálica mineira. Hail!



Clique AQUI e relembre a primeira parte da entrevista com Bozó.



Ainda sobre paternidade.

Bozó: Eu, com 45 anos, já queria ter um menino, um filho do meu lado de 18, 20 anos, que fosse no show comigo etc. Eu não ia deixar ele ser cachaceiro, mas se quisesse fumar o baseadinho dele, podia. Se eu pudesse fazer ele não ser fumante, ia ser lindo. Agora, se quiser fumar um na tranquila, (bastava) trabalhar, estudar primeiro, formar.

O Curupira: Você pensa que a maconha não deve ser colocada no mesmo patamar de outras drogas?

Bozó: Eu acho que tudo é droga. Pra mim, as duas drogas piores chamam-se cigarro e cachaça. Destroem mais famílias, crack também, cocaína. Eu tenho pavor dessas coisas. Uma macoinha ali, tal, eu acho que às vezes (não atrapalha). Mas tudo em excesso faz mal, até mulher, véi! Tudo que você fizer com consciência, tranquilo, tendo a cabeça boa, nada em excesso, senão vai atrapalhar. Maconha demais também é ruim, você vai ficar estático, não vai produzir. É por isso que eu falo: vai fumar? Trilha sua carreira (profissional) primeiro.

O Curupira: Voltando para o Overdose, o que você sente mais falta da época de músico?

Bozó: Tocar, velho. Ensaiar não, é chato. Músico falar que ensaiar é gostoso, vai tomar no cu! A não ser quando vai mulher pra caralho, você toma umas biritas, aí beleza. Mas eu sinto falta é de tocar em Belo Horizonte.

O Curupira: Fale sobre um show marcante na sua carreira.

Bozó: Velho, puta que pariu! Todos no Ginástico, 80 por cento deles foram pau duro! Estados Unidos você sempre toca e ia neguinho do Faith No More, os caras do Testament, um cara que gostava muito da gente era o Eddie Van Halen, Tommy Lee também. Tocar na Europa também é do caralho. É outro mundo, outra cultura, não é bairrista como o americano é. Na época no meio de uma música, nós tocávamos um trecho de uma música do Almir Guinetto, parecia até ponto de macumba. Encaixa junto com a música, depois continuava a porrada. Nos Estados Unidos os caras ficavam olhando com cara de cu, na Europa você vê até os caras gingando.

O Curupira: Você citou o lance da macumba. Como que foi sua viagem nessa ideia?

Bozó: Meu pai sempre frequentava o terreiro, ia nos núcleos e tal, tomava os passes. Ele chegava contando os casos e eu sempre achava engraçado. Depois eu fui começando a frequentar, aí você conversa com a entidade e a coisa toda. Eu achei legal pela questão da musicalidade da Umbanda e do Candomblé que são muito legais. O ritmo é foda, as canções são do caralho. Mas eu caí mais pro lado da espiritualidade kardecista, no meu ponto de vista é a mais pé no chão.

O Curupira: Agora que você falou da sonoridade da música afro, tem um detalhe interessante no Overdose que, a partir do Circus of Death, você inseriu uma percussão eletrônica. Como surgiu a ideia?

Bozó: Infelizmente o Overdose tinha as ideias, mas tinha de colocá-las em um cofre sonoro. Porque se você não tem gravadora grande, não tem mídia, tem de tomar cuidado. Se você passar pra alguém que tem acesso, ele faz primeiro e acha que foi quem fez acontecer. Nós tivemos essa ideia brincando com o Zé Baleia (baterista) nos ensaios. Se a gente tivesse a oportunidade de ter mostrado isso antes (em gravações) teríamos sido os precursores dessa onda.

O Curupira: Como que era a relação da banda com os contemporâneos do Sepultura?

Bozó: No começo tinha aquelas picuinhas, porque era tudo menino. Às vezes os meus colegas implicavam comigo porque eu era amigo dos caras (do Sepultura). Eu sei que os caras poderiam ter sido mais cooperativos, mas eu gosto deles. Tanto que eu namorava uma menina, que também tinha namorado o Igor antes. Ela também tinha o split (SéculoXX/Bestial). O lado do Overdose era todo arranhado e no encarte todo mundo de chifrinho e eu de auréola, hahaha. Mas eles não ajudaram as bandas daqui não. Isso era muito triste, um exemplo de insegurança, talvez.

O Curupira: Um lance legal que envolve a história do Overdose é a participação no programa do Dirceu Pereira, nos anos de 1980. Um programa popular, totalmente voltado para o povão e que não tem nada a ver com o metal. Como foi a experiência?

Bozó: O Overdose tinha uma coisa que eu não sei que que era, com esses lances muito nada a ver. Mas foi uma puta divulgação. Os nego me zuava pra caramba por causa do Dirceu Pereira (que teria fama de homossexual, NADA confirmado pelo nosso Webzine). Os caras falavam: o cara tá afim docê! Eu ficava fugindo, esquivando dele igual boxeador, escorregava igual um sabão. Mas o cara deu uma puta força, foi legal pra caralho.

Escute na integra, a segunda parte da entrevista com o Bózo - Overdose.



Confira Street Law do Overdose - ao vivo nos Estados Unidos, 1996


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