segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Curupira foi: Immolation, Incantation e Nervochaos


Belo Horizonte teve uma das noites musicais mais caóticas dos últimos tempos! Direto das terras do Tio Sam, as bandas Incantation e Immolation trouxeram um tanto de blasfêmia e agressividade para a cidade. O evento foi na última sexta-feira, 6, no Music Hall. Como convidados, os paulistanos malditos da Nervochaos. Infelizmente, já está virando praxe os shows extremos ficarem sem público na cidade. Mas dessa vez um componente diferenciado da justificativa se fez presente. Como o Curupira não foge da raia, muito menos da polêmica, antes de falarmos das apresentações, vamos a uma discussão que durou toda a semana do evento. No sábado seguinte ao show, as duas bandas gringas tocaram em um festival na cidade de São José do Rio Preto, SP. Além das três supracitadas, 17 excelentes representações do metal nacional completaram o cast. Shows gratuitos, proposta sedutora. Um ônibus especial lotado saiu daqui, levando mais de 50 headbangers pra bagunça. E o coletivo psrtiu justamente do Music Hall, local marcado para o encontro dos viajantes. O ocorrido levantou duas opiniões contrárias. Teve gente que achou um despautério organizar um especial utilizando como carro chefe as apresentações lendárias, que também aconteceriam em BH. Para esses, a atitude demonstra total despreocupação com a cena daqui, foda-se se o show estiver vazio. Mas também teve outra parcela de bangers que acredita ser normal um trampo desse porte, já que seriam 20 esquadras de respeito tocando de graça. Ok, mas a gratuidade é para quem mora em Rio Preto. Saindo daqui o pacote custava 120 paus – 40 a mais que o ingresso na sexta. De qualquer forma, quem foi ao show de BH teve a sorte de ouvir 15 petardos do Incantation, e 18 do Immolation – algo com certeza não feito em SP...

Trânsito caótico, falta de táxi em BH e um trampo de última hora impediram que nossa reportagem chegasse a tempo de curtir os caras do Nervochaos. Uma pena, pois a curiosidade era enorme para ver essa nova formação ao vivo. Apreciando o vídeo (link lá embaixo) gravado pelo colega Edmar Alves, dá pra ver que Edu Lane (bateria), Guiller (vocal, guitarra), Quinho (guitarra) e Felipe Freitas (baixo) não perderam a mão e continuam marretando os ouvidos alheios com o salutar death/thrash de sempre.

Logo depois, hora de uma das lendas da noite, visitando Belo Horizonte mais uma vez. O Incantation entrou no palco trazendo toda a atmosfera modorrenta e tétrica dos seus álbuns. O eterno líder, John McEntee – único membro remanescente da formação original – surpreendeu com seus vocais cavernosos e abissais, que contrastavam com sua imagem de “tiozão-boa-praça”. A banda fez uma apresentação na qual alternou clássicos de seus vocalistas anteriores, Craig Pillar e Daniel Corchado, com o material produzido a partir de 2004, com McEntee assumindo os screams, além das habituais seis cordas. Atualmente, o fundador é acompanhado nos funerais por Kyle Severn na bateria (Acheron, Wolfen Dociety), Alex Douks na guitarra (Master, Goreaphobia, Ex-Funerabrum) e Chuck Sherwood no baixo. Com membros flutuando em torno da figura de John, existe uma alta rotatividade na formação, trazendo sempre em suas fileiras vários veteranos da cena yankee. Destaque para o monstro Sherwood, na banda desde 2008, que deu um verdadeiro show nas quatro cordas, executando várias linhas e escalas apocalípticas em seu Rickenbaker, sem usar paletas. Tocou na raça, usando os dedos, demonstrando técnica, feeling e punch. Kyle Severn, que já veio aqui acompanhando o Acheron, é um monstro no uso dos pedais duplos e blasting beats. As guitarras de Douks e do lendário líder alternavam entre tremolos e riffs sorumbáticos. A certa altura da apresentação, uma surpresa emocionante: McEntee agradece ao público presente e fala sobre a importância de determinado grupo da cena local para a extrema mundial. De repente, eles executam um trecho de Nightmare, do Sarcófago, fazendo com que os bangers entrassem em êxtase. No meio dos incautos, um ilustríssimo presente: Wagner Lamounier (ou Antichrist, para o povo da velha guarda), retribuiu com um sorriso que ia de uma orelha até a outra, visivelmente agradecido pelo reconhecimento de seu trabalho dedicado à profanação musical. Simplesmente, um momento mágico presenciado pelos poucos felizardos presentes. A banda seguiu seu death único, com influências de doom e black metal, culminando a apresentação com a clássica Ibex Moon, música já postada aqui no Curupira. Posteriormente, o encore com Impending Diabolical, e o hino old school, Profanation, vieram mostrar porque o Incantation influenciou – e influencia – tanto veteranos, como Nile, quanto novos artistas, como Disma, Funebrarum e Eccoffinnation. Uma aula sublime de metal da morte.

Como se até ali já não fosse suficiente, era chegado o momento do Immolation estourar o cabaço do palco mineiro. Pela primeira vez, Ross Dolan (vocal, baixo), Steve Shalaty (bateria) Bob Vigna e Bill Taylor (guitarras) pisavam em território belorizontino. Novamente vale lamentar o público pequeno no Music Hall, mas, ao mesmo tempo, sentir-se laureado por presenciar tamanha pujança musical em um verdadeiro caos sonoro. Um set bem variado, que soube acalentar fãs dos 10 trabalhos lançados até hoje, contando dois Ep´s. Close to a World Below, faixa homônima do disco de 2000, abre a matança. Se não houve roda durante nenhuma apresentação da noite, pelo menos não faltou empolgação e sintonia entre banda e público. Como prova, Ross conversou com quem estava à sua frente várias vezes. A primeira foi antes de executar What They Bring – do novo EP, Providence, e disponível 0800 no site dos caras – quando disse que era um prazer visitar BH, após 25 anos de estrada. E dá-lhe clássicos! Dawn of Possession, Father, You´re Not My Father e Glorious Epoch foram aulas do mais genuíno death metal norte-americano. Por mais que o cabeludo Ross (cara, uma das maiores cabeleiras da cena!) dominasse o público com seu gutural garboso e linhas precisas no baixo, outro componente pode ser considerado a grande atração da noite. É impressionante o que Bob Vigna faz com sua guitarra. O careca joga o trem pra frente, para o lado, pro alto, dava tapas com a ponta dos dedos nas cordas, tudo com muita fúria e precisão, batendo cabeça pra cacete, sem soar clichê. E ainda não mencionamos a qualidade de seus solos, técnicos e velozes, seguindo o ritmo musical do quarteto. Muito bacana também foi quando Dolan comentou sobre a qualidade das bandas de metal brasileiras. Foram mencionadas pelo vocalista as mineiras Sarcasmo e Sepultura, além dos gaúchos Krisiun. Ross disse que a música feita aqui é muito instrumental e serve de inspiração para ele. Hombridade que merece respeito. Antes de mais um hino, Into Everlasting Fire, o empolgado e inspirado cantor homenageia os colegas do Incantation, que dividiram com eles o palco no primeiro show da banda, nos EUA, em 1988. Para o encore estavam reservadas três porradas, mas, talvez pelo pequeno público, elas não foram executadas. Não obstante a frustração por não ouvir Majesty and Decay, quem esteve no Music Hall saiu com a alma encantada pela imolação sonora proporcionada por duas representações mais que emblemáticas do death metal mundial. Pra quem não foi, agradeça ao colega, historiador e true headbanger, Edmar Alves, pela gravação de trechos dos shows, logo abaixo.


Set Lists:

Incantation

1 – Primordial Domination

2 – Dying Divinity

3 – Oath of Armageddon

4 – Invoked Infinity

5 – Devoured Death

6 – Vanquish in Vengeance

7 – Shadows From the Ancient Empire

8 – Progeny of Tyranny

9 – Once Holy Throne

10 – Anoint the Chosen

11 – Ascend Into Eternal

12 – Lead to Desolation

13 – Ibex Moon

Encore:

14 – Impending Diabolical

15 – Profanation

Immolation

1 – Close To a World Below

2 – Swarm of Terror

3 – Dawn of Possession

4 – What They Bring

5 – Passion Kill

6 – Father, You´re Not My Father

7 – Power and Shame

8 – Once Ordained

9 – Den of Thieves

10 – Unholy Cult

11 – Under the Supreme

12 – A Glorious Epoch

13 – Still Lost

14 – No Jesus, No Beast

15 – Harnessing Ruin

16 – Into Everlasting Fire

17 – Illumination

18 – Sinful Nature


NERVO CHAOS - Total Satan - Ao vivo em BH 06-07-2012.

INCANTATION - Impeding + Profanation - Ao vivo em BH 06-07-2012.

IMMOLATION - Ao vivo em BH 06-07-2012.

Um comentário:

  1. O certo é Craig Pillard e não Craig Pillar, esse cara hoje é um nazista filha da puta tem uma banda NSBM chamada STURMFUHER. Tanto que sua outra banda o DISMA foi chutada de um festival porque o público reclamou de relações com o NAZISMO.

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