sábado, 28 de julho de 2012

O Curupira recomenda: My Dying Bride - The Barghest O' Whitby


O My Dying Bride é, dentre o trio death doom inglês do cast da Peaceville Records - completado por Anathema e Paradise Lost - a banda que mais apostou numa sonoridade singular e que nunca abriu mão do peso. Isso pode ser comprovado pelo último lançamento feito pelo grupo, The Barghest O’ Whitby, seu melhor trabalho em anos. O EP, lançado ano passado depois do full lenght Evinta, é constituído por uma única canção de 27 minutos, uma verdadeira epopeia da ruína – e de longe, a mais longa música criada pelos caras. A obra abre ao som de tempestades, bem ao gosto da estética doom iniciada com os mestres Black Sabbath, em 1970. O trampo é um álbum conceitual que trás a estória de uma entidade demoníaca presente no folclore britânico, e abordada por autores como Sir Arthur Conan Doyle e Bram Stoker. A banda, que andou flertando com outras vertentes musicais, como o post-punk e a música eletrônica, ao longo de suas décadas de carreira, realiza uma espécie de releitura do doom sujo que fazia no início dos anos de 1990. Porém, não se trata apenas de uma mera “volta às origens”: o som traz outros elementos mais contemporâneos do doom, chegando a lembrar, em alguns momentos, o drone de bandas como Sunn O))) e Earth. Dividida em três atos, entrecortados por momentos de quase silêncio, peso arrastado e surtos de pancadaria avassaladora, o petardo tem, ainda,os violinos característicos do My Dying Bride, além dos vocais grunhidos do vocalista Asron Stainhorpe, tão característico dos seus primórdios. Ao mesmo tempo, as influências de Celtic Frost e Candlemass continuam lá, intactas, com as guitarras de Andrew Craighan e Hamish Hilton Glencross lembrando o peso e sujeira presentes nos trabalhos iniciais. Os elementos citados aparecem de uma maneira natural, sem soarem como uma repetição de clichês e bem-sucedidas fórmulas passadas. Uma verdadeira viagem sombria, cheia de detalhes, sutilezas e contrastes. Tomando rumos diferentes dos caminhos mais “brandos” de esquadras da sua geração, como Anathema, Paradise Lost e Katatonia – formações que começaram dentro do cenário death doom e que , com o passar dos anos, seguiram uma orientação ligada ao rock moderno – o My Dying Bride segura a onda do peso, mantendo-se intacto dentro da seara do metal extremo. Aquele dos pés virados aprova o “renascer” desses mestres soturnos.



My Dying Bride - The Barghest O' Whitby

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